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Roteiros de bicicleta no Vale Europeu

Era justamente por isso que estava ali: Vale Europeu, Santa Catarina

É o destino perfeito para quem procura um dos mais belos roteiros de cicloturismo do Brasil. Uma viagem só de bike. Não uma maratona, mas sim um slow travel com objetivo de mergulhar na essência de nove cidades da região: Pomerode, Timbó, Rodeio, Indaial, Ascurra, Apiúna, Doutor Pedrinho, Benedito Novo e Rio dos Cedros.

O roteiro completo de 300 quilômetros é feito em seis dias e nada me preparou para as paisagens, para a experiência infinita de horas pedalando, às vezes sem nenhum sinal de vida à minha volta, para a cidadezinha que não parecia ser especial e ao mesmo tempo foi.

vários ciclistas de costas pedalando numa estrada de terra
Pedalando entre vários municípios catarinenses. Uma forma de conhecer o Estado
crédito: viramundo e mundovirado

Meu ponto de partida para essa experiência foi o Hotel Parador da Montanha, verdadeira casa de amigos, em Rio dos Cedros. Escolher esse lodge, os trajetos que queria fazer no dia, bem como quantos quilômetros percorrer de bike, seria possível já que carros de apoio acompanhavam todo tempo minha jornada. Essas são algumas das vantagens desse circuito. Todas as cidades são próximas, e a ‘Biketour’, empresa especializada nesse roteiro, também fez meu traslado do hotel para o início e fim de cada dia do trajeto.

Nesse meu primeiro dia, do início do pedal, em Rodeio, ao fim em Dr. Pedrinho, num total de 45 quilômetros, só um objetivo: curtir a região em sua totalidade. Acompanhado de outros 15 ciclistas que variavam de idade dos 15 anos aos que já estavam no Prevent Sênior e de peso, sobrou alegria e companheirismo.

Uma moça loira na janela de uma casa deestilo alemão
Casa em estilo enxaimel, típica construção alemã no Vale Europeu
crédito; viramundo e mundovirado

O Vale Europeu é uma espécie de parque temático para quem tem interesse em conhecer principalmente a imigração alemã e italiana no sul do Brasil.

Cada jornada de um dia me apresentou a chance de observar aspectos diferentes dessas culturas e seus legados. A casa em estilo enxaimel, dos alemães, aquelas de tijolinhos aparentes com travamento em madeira escura e de onde saiam penachos de fumaça das chaminés o dia inteiro.
Já as dos italianos são de madeira. Em comum, além de jardins floridos e hortas caseiras, às vezes os dois misturados (do tipo repolhos ao lado de rosas), a hospitalidade. Em uma parada para tomar fôlego diante de uma casa de alemães, Silvia e eu fomos convidados pela proprietária para tomar café acompanhado de pão de centeio e cuca de banana (bolo tipicamente alemão).

Um casal saltando de tirolesasa
O corpo foi … a alma ficou
crédito: viramundo e mundovirado

Retomando a trilha – toda ela sinalizada – e 95% em estradas de terra, buscando novas descobertas, encontrei personagens prontos para contar sua história: “sou o homem mais feliz do mundo, e provo”, diz Paulo Nortari, 88, que sozinho plantou mais de 20 quilômetros de hortênsias na estrada chamada Caminho dos Anjos. Esse cara me pareceu muito feliz mesmo!

Mais adiante entre Rodeio e Benedito Novo paramos para um reforçado lanche, antes de nos aventurarmos na famosa Tirolesa K2, que com seus dois quilômetros de extensão é a maior das Américas. Essa foi apenas uma dentre dezenas de surpresas que o cicloturismo nos proporcionou.

Ciclistas sentados à mesa para um lanche
Depois de longas pedaladas, pausas para saborear petiscos típicos da região… todos uma delícia
crédito: viramundo e mundovirado

O frio na espinha produzida pela tirolesa era contraponto para um mormaço de 35º, e ninguém estava aí para um céu cinza com fundo negro que se formara antevendo uma baita tempestade. Ela no fim só respingou e acabou sendo um refresco para o corpo. Nessa hora, quase ao entardecer, me encontrava sem pique. Benditas minhas barras de cereais da Nestlé que carrego em todas as minhas viagens!

O caminho a seguir foi um dos mais belos do percurso com corredeiras, túneis de bambuzal envolvendo a estrada de terra, cachoeiras, arrozais, plantações de batatas, e pequenas vilas.
Outra pausa, esta na Casa de Lucy, uma estalagem (adoro esse nome) para uma rodada de pasteis e coxinhas de pizza, especialidades da proprietária. Refrigerantes e suco de laranja contribuíram para repor minha energia.

Dois ciclistas descansando ao lado de hortênsias
No lugar do olhar viciado do turista, o olhar invertido do viajante, estabelecendo novas relações possíveis com o território e sua história
crédito; viramundo e mundovirado

Depois de me despedir dos companheiros, e já no conforto do Parador da Montanha, foi o momento que mais me senti no limite do nada. Mas viagem é emoção. E o que me emociona? Minha capacidade de vivenciar o que ainda não experimentei. Essa é a graça da minha viagem. E fui … para as pedaladas do próximo dia.Ilustração cajuzinho usada como ponto final das matérias da vmmv

Quarto confortável e acolhdor de um hotel de montanha
Um dos charmosos quartos do acolhedor e hospitaleiro Hotel Parador da Montanha, em Rio dos Cedros
crédito: viramundo e mundovirado

Onde ficar: Hotel Parador da Montanha, em Rio dos Cedros www.paradordamontanha.com.br  Escolha 100% de acerto. Quartos amplos, banheira jacuzzi, piscina, café da manhã reforçado e jantar. Se os proprietários Zanza e Bubi estiverem lá, suba a porcentagem para 150%

Ciclistas ao lado de um riacho
Vamos ou não vamos?….Fomos!
crédito: viramundo e mundovirado

Quem organiza: Bike Tour Vale Europeu www.biketourvaleeuropeu.com.br  Explicamos para o sr. Alexandre qual era nossa ideia para o tour de bicicleta, pois não estávamos em grande forma física. O atendimento primoroso fez com que nossas pedaladas se completassem da forma pedida.

Para saber mais visite o site do Circuito Vale Europeu

*Matéria publicada originalmente no nosso blog Viagens Plásticas do Viagem Estadao

ViramundoeMundovirado
"Viajamos para namorar a Terra. E já são 40 anos de arrastar as asas por sua natureza, pelos lugares que fizeram história, ou pela cultura de sua gente. Desses encontros nasceu a Viramundo e Mundovirado."

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