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Machu Picchu com a National Geographic Expeditions

Há duas maneiras de viajar para Machu Picchu

A primeira é se concentrar nas ruínas e paisagens como espectador. A outra é ser protagonista, “por trás das cenas” repletas de histórias e significados descritos por arqueóloga e historiadores da National Geographic Expeditions. Esta viagem será possível a partir de outubro desse ano.

Vista de uma margem de um rio de onde se observa, na outra margem, uma extensa planície fracionanda em terraços de cultivos em diferentes cores de estágios de crescimento entremeados com alguns em marrom, indicativo de terra nua.
Laguna de Huaypo: às suas margens, os belos terraços recortados, em diferentes estágios de cultivo.
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Paisagem feita a mão?
Viajei para o Vale Sagrado no inverno. Em outras estações talvez gostasse de admirar os campos forrados com mil gamas de verdes, ou ainda de acompanhar a azáfama das colheitas de quinoa, batata e milho. Mas, o que vi foi a terra bruta descansando sobre a cama fofa e arada à espera das sementes. A paisagem dessa época sugere uma grande manta em tons de marrom, amarelo palha, ocre, e tem até mesmo a textura áspera da lã das lhamas. Lembra também o grafismo do trançado das cestarias andinas. Essas tonalidades contrastam, por exemplo, com o cobalto das águas da laguna de Huaypo.

Artesãs em suas roupas tradicionais, vistas do alto, trabalhando sentadas no chão.
Tecelãs de Chinchero. Até hoje nenhuma máquina conseguiu reproduzir os pontos da tecelagem inca.
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Vestidas para encantar
O look quechua das artesãs é assim: sandália preta, chapéu de aba larga com delicadas flores bordadas, xale –  para carregar menino, batatas, flores, ervas – e saiona rodada. Tem ainda um casaqueto com aplicações de sinhaninhas e botões na gola, punhos e na mini cotoveleira, é um item que bem poderia fazer parte de coleção da dupla de estilistas Dolce & Gabbana.

Mas não é por toda essa boniteza que elas são destaque no povoado de Chinchero, a 3.762 metros de altitude, e sim, pela qualidade de seus xales, mantas, cachecóis e gorros, feitos em teares manuais. Trabalham com lã de ovelhas, lhamas, vicunhas, alpacas que tingem com corantes naturais retirados de folhas, musgos, raízes, cascas de árvores, e conseguem lindas tonalidades. São cerca de 80 mulheres reunidas em torno da artesã Nilda Callañaupa, que por preservar e ensinar essa ancestral arte inca para as jovens do povoado, tem o patrocínio da National Geographic Society.

Vista de parede do sítio arqueológico do Templo do Sol, um monolito composto por seis rocha de cerca de 60 toneladas, cada. superiores a de área de estudo arqueológico preservada, em área para visitação cultural
Templo del Sol: a grandiosidade do sítio arqueológico de Ollantaytambo surpreende a cada degrau.
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Ollantaytambo
É inegável o fascínio que Machu Picchu exerce sobre minha imaginação. Mas, visitar Ollantaytambo antes da cidadela foi importante para entender a complexidade da cultura inca. Agricultores, os incas, se tornaram um império com o colapso das duas mais importantes etnias dos Andes, Tiahuanaku e Chimus. Ali em Ollantaytambo fiquei impressionado com o Templo do Sol. E me perguntei: como trabalhadores carregaram pedras de 60 a 90 toneladas por mais de três quilômetros, descendo e subindo um vale íngreme para a construção desse templo?

Montanhas que rodeiam a cidade inca de Machu Picchu em seu platô verde de vegetação vista de longe.
A chegada arrebatadora: Machu Picchu, e o agitado rio Urubamba cortando as montanhas
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Machu Picchu
Ao tentar definir o impacto da paisagem de Machu Picchu, nenhuma frase fez tanto sentido para mim como uma de Henry D. Thoreau, autor de Waden: “nunca estamos sós quando escutamos a dignidade de uma paisagem. O rumor das águas, o vento entre as frestas das ruínas, os pássaros, a passagem do tempo nas diferentes tonalidades da luz”.
Machu Picchu tem uma natureza autoral, com montanhas cortadas pelo irrequieto rio Urubamba e formou um centro geográfico cosmológico, hidrológico e sagrado para uma vasta região, diz Johan Reinhard, explorador residente da National Geographic.

Um Xamã Quechua de longos cabelos negros, veste tradicional, de manga curta, de predominantes tons de vermelho e laranja escuros, coberto com braceletes, enormes brincos e medalhões dourados, realizando concerto musical a partir de elementos da natureza.
A força que está em nós se manifefsta com a iniciação do Xamã Kuntur.
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Feitiços sonoros
O xamã Kuntur, condor em quechua, nos brindou com um concerto musical com instrumentos da natureza como folhas, ramos secos, penas de condor, além de flautas, apitos e sons guturais que reproduziam aves e animais como o jaguar.
Convidados a uma viagem sonora, soprando longas flautas, cada um teve uma vivência incomum. Ricardo (fotógrafo da NatGeo) acreditou que estivesse tocando sozinho naquele espaço; Silvia descobriu uma capacidade de suster a respiração que desconhecia; já eu fui varrido diversas vezes por um vento forte.

Detalhe de um homem de máscara de papel marchê com o desenho de um rosto de homem com uma fantasia colorida de fitas, lantejoulas e brocados. c
A colorida festa de La Virgen del Carmen.
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Bailar e cantar para La Virgen del Carmen, em Cusco.
Ao explorar a antiga capital imperial dos incas, onde as construções majestosas dos espanhóis foram erguidas sobre as paredes de pedra de ancestrais templos, me deparei com essa festa. Casais de dançarinos com trajes vistosos e coloridos louvavam a Virgem del Carmen numa celebração que tem profundo significado religioso, social e místico para os povos do Vale Sagrado.

Uma vista bem de perto de rodelas de espigas de milho cozido, cobertas com creme e retângulos de queijo grelhado, presos por um palitinho de aperitivo.
Milho de grãos grandes e tenros servidos com queijo na chapa e ervas
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Comida como experiência
Piquenique gourmet, almoço no trem e jantar no Maido em Lima, considerado o nº 1 da América Latina e o 8º do mundo segundo a lista San Pellegrino. Mas, para a National Geographic Expeditions a comida está léguas longe de ser apenas ostentação. Comer no campo foi a maneira mais apropriada e deliciosa de entrarmos em contato com os produtos da terra que hoje estão em pratos com combinações criativas.

Fazer refeições no trem é uma viagem saborosa não apenas pelos pratos e vinhos peruanos ali servidos, mas também pela oportunidade de reconhecer das janelas panorâmicas, os terraços, pontes e caminhos incas, seguindo as explicações do historiador Boris e da arqueóloga Denise Pozzi-Escot que nos acompanharam. O Maido foi escolhido pela consciência de sustentabilidade do jovem chef Mitsuharu Tsumura, e pela valorização da gastronomia dos imigrantes japoneses entrelaçada com as tradições e produtos peruanos.

Jardim interior de hotel florido, rodeado de paredes de pedra aparente e arcos perfeitos à noite, sob a luz da lua.
Belmond Monastério Hotel, em Cusco
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Dormir nas alturas
Hotel Tambo del Inka é um oásis de modernidade e conforto no Vale de Urubamba. Com estação de trem exclusiva nos jardins do hotel, e décor valorizado com cerâmicas, máscaras, objetos do artesanato peruano, além de almofadas, tapetes, mantas e painéis feitos em teares manuais pelos artesãos da região do Vale Sagrado.

Já o Belmond Monastério Hotel, em Cusco, é um convento do século 17 erguido sobre antiga fundação inca. O convento tinha dois claustros, um que inspirava a meditação dos monges, outro que era ocupado pela horta. Hoje, com encantadores jardins de rosas e fonte, são locais de descanso preferidos dos viajantes depois de giravoltear, subir e descer as íngremes ladeiras da cidade. Percorrer as dependências do mosteiro equivale a entrar em um complexo de arte com mobiliário espanhol, portas em madeira entalhada, afrescos quase primitivos nos nichos, telas com santos e madonas típicas da arte cusquenha, e altar barroco da capela.

Heitor e Silvia Reali em planície em dia de sol, posando para uma foto enquadrados no retângulo amarelo ouro, característico da National Geográphic.
Um agradecimento especial pelas fantásticas lembranças
Crédito: Viramundo e mundovirado.

Raras são as viagens que nos conectam para sempre a elas. A Tierra Sagrada de los Incas é uma delas. Ilustração cajuzinho usada como ponto final das matérias da vmmv

Viagem feita a convite da National Geographic Expeditions

Para saber mais sobre essa viagem:

National Geographic Expeditions

*Matéria publicada originalmente no Viagem Estadao

ViramundoeMundovirado
"Viajamos para namorar a Terra. E já são 40 anos de arrastar as asas por sua natureza, pelos lugares que fizeram história, ou pela cultura de sua gente. Desses encontros nasceu a Viramundo e Mundovirado."

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